Disrupção é um trabalho sujo, mas alguém tem que fazer – Web Summit Dia #3

O dia da "resenha" - este patrimônio cultural do Rio de Janeiro - também faz parte do Web Summit.

Por Eduardo Frota, líder de Conteúdo da RG Think Food

O terceiro – e último – dia de Web Summit, como em qualquer evento dessa proporção, é ideal para flanar pelos corredores com mais calma. Os rostos já não são tão estranhos, as marcas também não. A gente já sabe o caminho até o palco principal. E até ao banheiro mais próximo também. É quando você pode parar e tomar um café (e haja café, viu?) nos estandes que mais gostou.

O nosso métier, food, esteve muito representado por ferramentas de combate ao desperdício. Sustentabilidade e ESG eram assuntos bastante comentados por todo mundo. Porém, uma conversa mais aprofundada com esses jovens e sonhadores empreendedores revelava a dificuldade em adotar essas boas práticas e torná-las um hábito tão natural a ponto de não precisarmos mais, justamente… das ferramentas para implementá-las! Parece um paradoxo: será que quando essas startups virarem unicórnios, o ESG estará tão fortalecido que elas mesmas terão cavado seus buracos?

Lembra um pouco o Partido Verde na Alemanha. Depois que quase todas as outras legendas começaram a levantar bandeiras sobre sustentabilidade, o que foi extremamente benéfico ao país, ele acabou perdendo o sentido… Fez o trabalho sujo que ninguém à época queria fazer.

Quem falou muito bem sobre disrupção foi o pessoal do Burger King. Se você acha que eles andam bem ousados na comunicação com o público, tipo aquela propaganda com o Kid Bengala, precisam ver o que estão fazendo nos bastidores. Com metade das vendas sendo feitas em ambiente digital, há um tempo eles não medem mais seus KPIs com as receitas das lojas, mas sim com a frequência dos clientes.

“Tá de sacanagem, né irmão?”

E mais: com ajuda da inteligência artificial, a personalização, essa tendência gritante aos olhos do mercado, tem se tornado cada vez mais assertiva. Ao invés de simplesmente sugerir bombar as batatas fritas, o algoritmo sabe exatamente o que pode seduzir você, frequentador assíduo da lanchonete.

Curioso perceber que a inteligência artificial não foi exatamente a protagonista de outrora na programação de palestras. Dessa vez, estava sempre implícita a sua presença em praticamente todos os debates. Inclusive, o prompt passou a ser a estrela da companhia – em pouco tempo já se mostra um dos assets mais importantes das empresas, que deveria ser guardado a sete chaves.

Teve mate com limão da praia, biscoito (e não bolacha) Globo, um sol escaldante, happy hour todo dia e teve até o meu celular furtado. Ah, Rio de Janeiro… Até o ano que vem!

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